Buscar novas técnicas e estratégias para uma evolução mais rápida é algo que você, principalmente nos primeiros passos de uma atividade, quer saber e colocar em prática. Afinal, vivemos a era dos resultados rápidos. Com o passar do tempo e a evolução natural como corredor, isso vai ficando cada vez mais específico. Porém, muitas opções são radicais e até prejudiciais a longo prazo. Será que correr em jejum está entre elas? É o que vamos começar a desvendar.
Falar sobre atividade física sem se alimentar no pré-treino não é algo tão novo. Inicialmente, isso começou quase por instinto, supondo a lógica que, sem comer antes de um treino, o corpo teria que tirar energia da gordura para se exercitar.
Com o passar do tempo, a prática foi se popularizando e se aperfeiçoando em dietas e estratégias para o treino aeróbico. Esse crescimento aconteceu principalmente para quem busca a perda de gordura localizada, e não necessariamente a evolução como corredor.
Mas será que correr em jejum funciona? E o mais importante: essa prática não faz mal à saúde?
Imagine acordar, colocar seu tênis, beber um copo de água e sair para correr. Mesmo após uma noite de sono, e principalmente para quem está habituado a se alimentar com grande variedade pela manhã, isso pode ser um tremendo desafio e parecer, ao menos num primeiro momento, algo totalmente contra intuitivo.
Por isso, é essencial saber se o sacrifício, de fato, promove essa perda de gordura corporal, ou mesmo impacta ( de forma negativa ou positiva) no corredor de rua que está na busca de um melhor rendimento.
O excesso da suplementação alimentar
Antes de entrar no tema central, é muito importante destacar um péssimo hábito que vem sendo enraizado pelo corredor amador: o excesso de suplementação esportiva.
Dentre o consumo mais comum entre os corredores ao longo de um treino ou prova, destacam-se basicamente a água, isotônicos e carboidratos em gel. São itens muito importantes e que podem – e muitas vezes devem – estar presentes na rotina do corredor. Porém, há um grande exagero no consumo, com corredores bebendo água e tomando 2 sachês de gel sem nem ao menos completar 1 hora de treino.
Isso irá prejudicar ao invés de ajudar o corredor, já que o estômago terá que trabalhar um pouco mais para digerir essa alimentação. Por isso, nada de consumo de suplementos em treinos abaixo de 60-70 minutos. Nesses casos, apenas a água será suficiente.
Correr em jejum acelera a redução de gordura?
Sim! Essa prática mobiliza mais gordura como fonte de energia.
Porém, a resposta não é tão simples…
Muitas teorias defendem que, ao não se alimentar, o corpo terá que mobilizar a gordura para a realização do exercício.
Porém, isso acontece de forma proporcional, e não absoluta. Explicando melhor: ao mesmo tempo em que a gordura será mais utilizada, já que o corpo tem escassez de outras formas de energia, isso pode reduzir a capacidade do corredor de treinar por mais tempo e com mais intensidade.
Importante frisar que estamos falando de casos onde o treino tem uma maior duração (acima de 60 minutos).
Que tipo de treinamento físico em jejum é mais indicado?
Atividades aeróbicas como corrida, ciclismo, caminhada e natação são as mais indicadas, uma vez que elas já utilizam prioritariamente a gordura como fonte de energia.
Atividades em intensidades altas não são sugeridas, já que o “combustível” principal nesse caso não é a gordura, e sim o carboidrato. Com o tempo, é possível que a intensidade seja aumentada, desde que o praticante já esteja adaptado a treinar ou correr em jejum. Para quem busca perder peso e tiver facilidade em se adaptar, pode ser usada como uma boa estratégia.
Correr em jejum faz mal para à saúde?
Depende. Corredores que fazem treinos curtos, de até 60 minutos, e com intensidade controlada, não terão grandes problemas e podem até melhorar o rendimento. Acima desse tempo, porém, a condição já não é mais tão interessante, uma vez que o corpo necessita de níveis adequados de glicose para manter a atividade, o que não dá pra buscar na gordura com tanta eficiência.
Não é incomum corredores em jejum se sentirem mal estar após treinos intervalados, por exemplo. Mas não é uma relação direta, podendo acontecer ou não, dependendo do corredor. Outro caso são em dias muito quentes, onde essa condição também se agrava, já que, com a perda de certos sais minerais, apenas beber água não é suficiente.
Portanto, o ideal para correr em jejum são treinos em intensidade leve a moderada, de até 60 minutos, de preferência em ambiente controlado (como uma esteira, por exemplo), ou intervalados mais curtos, desde que o corredor faça uma adaptação gradual.
Quais os benefícios dos treinos em jejum?
Sabemos o quanto as restrições e alertas citados nessa matéria podem desmotivar à prática. Mas correr em jejum também tem seus benefícios. Separamos os 3 principais:
1. Essa prática pode treinar o organismo a ser mais eficiente em mobilizar gordura também em treinos mais extensos, melhorando o desempenho a longo prazo e em distâncias mais extensas;
2. Durante a corrida, nosso corpo produz dopamina, um hormônio responsável por aumentar o bem-estar e também… reduzir a fome! Assim, você diminui o apetite e evita aquele ataque à mesa do café da manhã logo depois de voltar do treino;
3. A corrida em jejum naturalmente é uma condição de dificuldade. Isso ajuda o corredor no desenvolvimento de maior força mental, permitindo que ele consiga superar com mais facilidade imprevistos ou grandes desafios que ocorrerem em treinos e principalmente em provas de rua.
E agora, pretende continuar, começar ou parar de correr em jejum? Tem cuidado de sua alimentação? Conhece alguma pessoa que gosta da prática? Compartilhe com a gente e confira outras matérias em nosso blog.